Foto: Prof. Valter Machado da Fonseca (2017) |
Prof. Dr. Valter Machado Fonseca
Mészáros (em sua obra “Para Além
do Capital”) nos aponta que o sistema do capital, assim como o faz com suas
mercadorias e produtos, estabelece também para os homens um “prazo de vida útil”,
um “prazo de validade”. Estas situações, impostas pelo capital, às deferentes
gerações de trabalhadores confundem e instauram um clima de total insegurança e
instabilidade no mundo do trabalho. Este conflito de gerações atinge estágios
que provocam desagregações no mundo do trabalho e que se traduzem em distúrbios
extremamente graves na saúde física e mental dos trabalhadores, ao perseguirem
suas metas quase inalcançáveis na produtividade e na qualidade dos serviços
executados na cadeia produtiva capitalista.
Da mesma forma que a “idade” das
pessoas passou a ser um parâmetro de fragmentação dos trabalhadores, o capital,
nos tempos d’agora inseriu outros parâmetros para aumentar a eficiência no
processo de segregação social e fragmentação dos que vivem do trabalho, tais
como questões de gênero, étnicas, religiosa, dentre outras.
Assim dentro do atual quadro de
rearranjo e das novas formas de “ajuste estrutural” da economia no contexto do
neoliberalismo, os ataques e a fragmentação de classe incidem de maneira ainda
mais covarde e cruel sobre a força de trabalho em todas as regiões do planeta.
A nova formatação do mundo do trabalho pelas forças hegemônicas do capital tem
por parâmetro básico, um ataque frontal sobre os trabalhadores e suas
organizações. As novas tecnologias de produção e consumo provocam, a todo
instante, novos arranjos estruturais no mundo do trabalho, alterando os
condicionantes da relação capital/trabalho e, é lógico que o “cabo de guerra”
rompe sempre do lado dos trabalhadores, deteriorando, de maneira cada vez mais
cruel, suas já precárias condições de extremo sacrifício e miserabilidade.
Por conseguinte, o processo de
mundialização do capital, aperfeiçoado pelas novas tecnologias, também causa
enorme impacto nas relações de produção, no processo de circulação de
mercadorias e, consequentemente, imprime um enorme impacto sobre o mundo do
trabalho, pelo caráter de especulação assumida pela nova dinâmica mundializada
adquirida em decorrência da nova reconfiguração da relação espaço/tempo. Esta
nova mobilidade extremamente ágil atinge frontalmente a classe trabalhadora,
uma vez que o capital estende este novo modelo de especulação financeira, para
especulação sobre as fontes de matérias-primas e a força de trabalho,
utilizando-se, sobretudo, do exército de reserva, ou dos grandes contingentes
de mão de obra barata, provocados pelo desemprego estrutural, característico da
crise capitalista. A deterioração das condições de trabalho cresce inversamente
proporcional aos avanços das técnicas inseridas na cadeia produtiva, em tempos
de mundialização do capital.
No mesmo sentido, Ricardo Antunes
(2009) evidencia um dos pontos mais negativos construídos pela estratégia
neoliberal: O processo vil de fragmentação da classe trabalhadora e a perda da
noção de pertencimento de classe. Este aspecto reflete a alta dosagem
ideológica destrutiva com que o projeto capitalista neoliberal contaminou a
classe trabalhadora. A perda da noção de pertencimento de classe significa um
enorme retrocesso em um dos principais avanços que a experiência de lutas da
classe trabalhadora construiu, a duras penas, à custa de mortes e sacrifícios
de um número incontável de trabalhadores ao longo de um processo histórico de
mais de dois séculos.
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