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sábado, 16 de setembro de 2017

TRABALHO E ALIENAÇÃO NOS DOMÍNIOS DO CAPITAL

Foto: Charles Chaplin (Tempos Modernos)                                                                       Fonte: Word Press (2017)



Prof. Dr. Valter Machado Fonseca
As artimanhas capitalistas, em sua eterna busca pela reprodução e expansão da mais-valia, não têm como lograr êxito em suas empreitadas sem a introdução dos mecanismos de alienação no mundo do trabalho, sobre todos os que vivem do trabalho. Assim, como em Marx, vimos que a única forma de realização plena do ser humano (em suas inerentes atividades laborativas) somente poderá se concretizar pela negação da própria alienação, o capital, em sentido totalmente adverso e oposto só se realizará enquanto um mecanismo de produção de mais-valia, envolto num processo de total e plena alienação do trabalho humano. Assim, a alienação é a negação da condição plena da realização humana e, ao mesmo tempo é, acima de tudo, a negação da autonomia humana, em toda sua plenitude. Não há como falar de realização plena do homem, em seu sentido mais genuíno, se sua existência está sob o controle dos mecanismos a serviço da alienação capitalista.
O termo autonomia, sob o modo de produção capitalista, tem sido alvo de intensas discussões, ao longo do processo histórico desse modelo de sociedade e/ou de organização social. É um termo para o qual não existe um conceito técnico específico, que passa totalmente por fora de quaisquer formas de racionalidade técnica. É, portanto, uma expressão que leva à busca de um estado de bem estar pleno, individualmente, e num coletivo, mediado por relações socais, ou seja, é a realização humana em sua relação com a natureza. É a plena realização humana no prazer da realização do próprio trabalho. E, o capital, em sua busca obstinada e gananciosa aniquilou todas as formas de realização plena do homem, enquanto ser social e universal, por intermédio dos mecanismos explícitos e dissimulados de diferentes formas de alienação.
Todas as possibilidades de criação e realização humanas se exaurem, a partir do momento em que o capital transforma o trabalho (de uma propriedade interna, inerente e específica do homem) para uma propriedade externa do próprio homem, ou seja, numa atividade estranha e alienada da própria essência do homem natural. Assim, o capital rouba do homem sua essência criativa e sua possibilidade de realização plena, para colocá-la a serviço da mais-valia. Neste sentido, o trabalho, “protoforma fundante” das atividades humanas (nos dizeres de Ricardo Antunes) é convertido em mais uma mercadoria a serviço da perpetuação da mais-valia capitalista.
A alienação aprofunda tanto o processo de exploração da força de trabalho, colocando-a a serviço do mercado de capitais, que o trabalho (que seria, fora da alienação, a forma de o homem enxergar a si mesmo no produto de seu labor), passa a ser disputado (por intermédio de grandes esforços e sacrifícios) como mais uma mercadoria necessária à sua mera sobrevivência.
Assim, sob os marcos da exploração do homem pelo próprio homem, do trabalho alienado, o mundo ilusório do capital é que controla a existência humana, subvertendo valores, criando vontades, desejos e necessidades artificiais, visando, em primeira instância e a qualquer custo, a perpetuação da mais-valia, como mola mestra fundamental para a continuidade do processo de reprodução contínua e expandida do capital. Então, a alienação imposta pelo capital sobre o trabalho leva à eliminação de quaisquer possibilidades de autonomia e realização humanas nos marcos dos domínios do capital.

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