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sexta-feira, 29 de setembro de 2017

III ENCONTRO NUPEADE

Foto: III Encontro NUPEADE - DPE/UFV (2017)

Foto: III Encontro NUPEADE - DPE/UFV (2017)



Prof. Dr. Valter Machado Fonseca
Ocorreu ontem (29/09/17) o terceiro encontro do Núcleo de Pesquisas em Educação e Artes em Diferentes Espaços (NUPEADE). O encontro foi realizado no Departamento de Educação da Universidade Federal de Viçosa (DPE/UFV). O objetivo central do grupo é desenvolver estudos e pesquisas visando à compreensão dos espaços não formais de aprendizagem, sob o viés do olhar das artes.
Acreditamos que as artes são potenciais instrumentos de aprendizagem, os quais podem ser utilizados para a construção de metodologias de ensino que possam ser também canais de fuga da alienação proposta pela educação formal (tradicional). Assim, elas se constituem em ferramentas muito significativas que podem quebrar a dureza e compartimentação de um currículo engessado pelo modelo positivista de educação. Neste sentido, podemos viabilizar outros modelos de educação que primem pela autonomia de educandos e educadores, permitindo uma leitura crítica do mundo e da vida. Agradecemos e parabenizamos a todos os membros do grupo pelo comprometimento com a construção de uma educação e um ensino verdadeiramente significativos.

A CIDADE E AS CONTRADIÇÕES DO ESPAÇO URBANO

Foto: Prof. Valter Machado da Fonseca (2017)



Prof. Dr. Valter Machado Fonseca
É mister compreender a cidade como o palco e motivação dos conflitos. Nela observam-se os elementos perceptíveis e “imperceptíveis” da relação sociedade/natureza. Os primeiros referem-se aos ecossistemas naturais e aos modificados pela ação do “sujeito” (o homem) sobre o objeto (a natureza): os elementos bióticos e abióticos, os ecossistemas naturais e seu frágil equilíbrio, o espaço urbano, a concentração de capital, as diversas formas de poluição, dentre outros aspectos.
Os elementos “imperceptíveis” da cidade são resultados das disputas: a supremacia dos dominantes sobre os dominados; a expansão do abismo entre ricos e miseráveis; a concentração da riqueza material no hemisfério norte; a segregação socioespacial e as consequências nefastas da racionalidade técnica e científica.
A degradação do natural explica-se, destarte, por não atingir todos os homens indistintamente conforme enfatiza Theodor Adorno (1982, p.54): “Una humanidad general es ideologia porque escamotea en el hombre las nada mitigadas deferencias del poder social, la del hambre y superfluidad, la del espíritu y dúctil imbecilidad”. Diante dessas considerações, é possível enxergar a cidade como fruto do conjunto dos processos degradantes do ambiente (da natureza).
Desta forma, o urbano emerge para significação da cidade, enquanto palco dos conflitos, contradições, construção de representações significativas da razão de ser da subjetividade humana, dando a ela o conteúdo necessário à construção de sua essência. O urbano emerge, então, como característica das atividades humanas, das relações históricas e sociais do sujeito (re)significando, construindo a razão de ser das cidades.
Aí, os contraditórios do subjetivo humano e de sua relação com a natureza fluem entre os tijolos, concreto, armações metálicas, ruas e avenidas, praças, pontes e viadutos, isto é, percorrendo-a em todos os seus interstícios e labirintos. A atividade humana localizada e enquadrada numa porção da natureza, modificada pelo próprio homem, configura o espaço urbano. Portanto, o espaço urbano nada mais é que a cidade somada à atividade humana e que se (re)orienta e se reproduz num movimento contraditório e contínuo em cada período histórico da sociedade, orientado pelos aspectos históricos, sociais, políticos, econômicos e culturais que caracterizam a história da humanidade em cada período, e, cuja configuração atinge seu ápice aprofundando sua crise na sociedade capitalista da modernidade.
A relação urbano/cidade é muito bem definida pela metrópole, símbolo da modernidade e das contradições gritantes do modo de produção capitalista que rege a sociedade dos dias atuais. Devemos ver além da estrutura física de uma construção, além de concreto, cimento, ferro e vidro é preciso perceber sua função, sua significação histórica, a rede de vivências sociais, de relações de trabalho, da exploração da força de trabalho, do sofrimento, suor, risos e lágrimas envolvidos em sua edificação. Na sociedade do espetáculo (parafraseando Gui Debord) a cidade é como se fosse “o mundo das imagens”, reflexo das diferenças, desigualdades, fetiches e ilusões oriundas da sociedade de classes.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

TOTALIDADE, OSTENTAÇÃO E POBREZA URBANAS

Foto: Prof. Valter Machado da Fonseca (2017)



Prof. Dr. Valter Machado Fonseca
A simples observação da cidade num breve passeio leva a indagações sobre os diversos tipos de forma, estilos e significações nela existentes. Não é necessário ser um exímio observador para notar as diferentes formas e contrastes presentes na arquitetura das cidades. Nas grandes e médias, estes contrastes são mais gritantes, mas também nas pequenas podem-se observar estas evidências.
Nas regiões centrais, destacam-se um amontoado de edifícios, na sua maioria, verticalizados, os quais parecem em constante disputa por um “pedaço de céu”. Largas e estreitas avenidas se entrecruzam, tecendo um emaranhado de linhas (retas e curvas) que chegam a formar uma rede à semelhança de um gigantesco quebra-cabeças que não possui início nem fim. Ruas impermeabilizadas por asfalto, rede de energia elétrica, sinais de trânsito, calçadas estreitas e largas, mansões, jardins, praças, pontes e viadutos dão os retoques finais ao “caos organizado” que compõe a paisagem das cidades.
Com pequeno esforço, consegue-se observar, ainda, as diferenças entre os edifícios, monumentos e outras construções. Este emaranhado de cimento, concreto, ferro e vidro compõem as dezenas de séculos que marcam a intervenção da mão humana sobre o ambiente.
Quando se afasta das regiões centrais, notam-se as mudanças no cenário desta paisagem. Os edifícios minimizam a “disputa pelo céu”, as ruas e avenidas estreitam-se, tornam-se miúdas, afunilam-se ou, simplesmente desaparecem. A paisagem diminui sua magnitude, simplifica-se, despe-se de sua arrogância. O luxo e a ostentação são substituídos por formas toscas, simples, quase desnudas. O céu deixa-se observar em fragmentos maiores e à noite, vez em quando, consegue-se ver algumas estrelas por entre as nuvens de fumaça e pó.
Mais adiante, surge o morro com seus casebres, como se fosse um amontoado dos restos da paisagem central, um amontoado de quinquilharias, e a paisagem quase humilhante. As avenidas são substituídas por vielas, um labirinto quase indecifrável, um espaço onde é possível perceber o contraste entre o “belo” e o “feio”, o poder e a dominação, a riqueza e a miséria. Aí aparece o contraste da essência entre a forma e o conteúdo. Pode-se definir o morro, a periferia como o resumo, o resultado da disputa entre desiguais.
Neste breve passeio sobre a cidade pode-se ler, resgatar, interpretar e até traduzir um pedaço da história dos homens, povoada de signos, de diferenças, de representações, de poder e dominação. A cidade vista em sua forma desnuda, fria, sem vida, não passa de um invólucro de uma história de disputa desigual entre diferentes.  É o mundo banalizado das imagens!
A produção do espaço da cidade é fruto de um processo histórico e social de afirmação do homem sobre a natureza. É preciso enxergá-la como fruto de um processo não linear, simples e contínuo, envolvendo elementos contraditórios ligados ao jogo do poder entre dominantes e dominados ao longo da história humana.
Também um monumento histórico pode significar além da representação de um dado acontecimento, que marca um período, também uma marca da opressão de um povo sobre o outro, de uma classe sobre a outra ou da exploração do homem pelo próprio homem. A cidade nada mais é que o trabalho humano materializado, cristalizado ao longo do processo histórico e social da civilização humana.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

DINÂMICA DOS ECOSSISTEMAS FLORESTAIS

Foto: Cartaz do evento (2017)

Foto: Prof. Valter Machado da Fonseca (2017)

Foto: Slide/capa apresentação - palestra (2017)

Foto: Prof. Valter Machado da Fonseca (2017)



Prof. Dr. Valter Machado Fonseca
Ocorreu dia 20/09/2017, no anfiteatro da Biblioteca da UFV, o segundo dia da I Semana Jurídica de Proteção das Florestas Naturais. O evento é uma iniciativa do Departamento de Direito da Universidade Federal de Viçosa (DPD/UFV). Neste segundo dia do evento, ministrei a palestra “DINÂMICA DOS ECOSSISTEMAS FLORESTAIS: belezas e chuvas”, em nome do DPE.
O evento contou com a participação de professores e alunos (as) de diferentes cursos e foi uma reflexão muito importante, principalmente no momento em que as forças neoliberais ameaçam a entrega da principal floresta tropical do globo, a Amazônia, para os grandes grupos financeiros que atuam em atividades do garimpo e mineração.
Foi um debate fecundo que demonstrou o interesse por parcela, ainda que pequena, da comunidade acadêmica em discutir esta relevante problemática. Com a realização da Semana Jurídica verificamos a importância e necessidade de ampliar este debate para os diversos setores e áreas do conhecimento que compõem a comunidade acadêmica, pois, as questões socioambientais são temas transversais que perpassam todas as áreas do conhecimento.
Porém, apesar, dos grandes esforços para mobilização da comunidade acadêmica, percebemos que grande parcela dessa comunidade não entendeu a gravidade destes ataques sobre a Amazônia brasileira. A temática continua, mais do que nunca, na ordem do dia. Este debate precisa ser divulgado e ampliado. Aproveito para agradecer aos organizadores, educandos (as) e professores envolvidos nesta tão relevante mobilização acadêmico-social-científica.       

terça-feira, 19 de setembro de 2017

NOITE HISTÓRICA: CÁTEDRA PAULO FREIRE

Foto: Prof. Paulo Freire (2017)

Foto: Coral da UFV (2017)

Foto: Lançamento cátedra (2017)
Foto: Prof. Edgar Coelho - Presidente eleito da cátedra (2017)



Prof. Dr. Valter Machado Fonseca
Ontem, dia 18 de setembro de 2017, tivemos a honra de presenciar o lançamento histórico da Cátedra Prof. Paulo Freire, a primeira cátedra criada na Universidade Federal de Viçosa. Em tempos obscuros como os que estamos vivendo, nada melhor do que homenagear este magnífico educador. Esperamos que esta cátedra seja mais uma trincheira de lutas e resistência contra os desmandos e ataques à educação em todos os níveis pelas forças neoliberais que assombram os trabalhadores e oprimidos de todo o mundo.
O lançamento da Cátedra Paulo Freire foi belissimamente abrilhantado pela apresentação de dois corais da UFV. A palestra de lançamento da cátedra foi ministrada pelo Prof. José Eustáquio Romão, do Instituto Paulo Freire que discorreu brilhantemente sobre os principais aspectos que marcam a atual conjuntura, destacando os ataques desferidos contra a educação e propondo formas de resistências a tais ataques.
Por fim, parabenizo o Departamento de Educação pelo total apoio à tão relevante iniciativa. Em particular, destaco o empenho dos professores envolvidos na construção da cátedra, com ênfase para os professores Edgar Coelho e Arthur Meucci, que não mediram esforços para que o projeto da cátedra se tornasse realidade. Finalmente parabenizo aos corais de vozes, professores e, principalmente aos educandos e educandas que abrilhantaram o evento nesta noite histórica e memorável.