Foto: Arquivo Valter M. da Fonseca (2014) |
Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
Sophie é nossa maritaquinha! Ela nossa
eterna companheira (minha e Carmen, minha companheira). Mas, sua presença
faz-nos refletir sobre a aparência e a essência. É uma pequena ave, exuberante
na essência e infinitamente bela na aparência. Seu estado de espírito, sua
percepção fora do normal, faz com que reflitamos com mais seriedade sobre o
reino dos animais ditos “irracionais”. Sua presença nos faz indagar sobre o
real significado da suposta racionalidade dos seres humanos. Os humanos, esses
seres “racionais” fazem coisas que a própria razão desconhece. Vemos a luta
ininterrupta dos humanos entre si, a luta de iguais de extermínio de da espécie
por indivíduos da própria espécie. Se isto é racionalidade, talvez a
irracionalidade de indivíduos com a Sophie tenha muito mais significado, seja
muito mais lógico.
A ingenuidade da Sophie, sua total
confiança nos seres humanos, sua total capacidade de se entregar totalmente a
nós, mesmo sendo uma pequenina ave, extremamente frágil, indefesa, nos deixa a
sublime lição da entrega, da confiança da admiração e da fidelidade até às
últimas consequências. Isto é que a faz um ser singular, ímpar, sem igual. Quão
bela é a capacidade da entrega total sem pedir nada em troca! Quão linda é a
capacidade de fidelidade sem nenhuma forma de cobiça, de inveja, ao contrário,
é uma fidelidade pura, ingênua, cristalina. É um pequenino ser, capaz de
distribuir, gratuitamente, em todos os momentos, a felicidade e a alegria por intermédio
de gestos simples. Tudo que pede em troca é um punhadinho de carinho, de afago.
Observando a Sophie, nossa doce
“papagainha”, é que temos a noção de o quanto a raça humana é egoísta,
autodestrutiva, autofágica até. Mas, a simples existência de Sophie nos deixa
um rastro de esperança de que se estas qualidades proliferam numa pequenina
ave, porque não poderão um dia se proliferar para, pelo menos, uma parte da
humanidade. Talvez, um dia, quem sabe, a Sophie não seja capaz de irradiar em
todas as direções seu lindo raio de luz, tirando o homem de sua mediocridade,
mesquinhez e solidão.
* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela
Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Pesquisador e professor da
Universidade de Uberaba (UNIUBE). pesquisa.fonseca@gmail.com
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