Prof. Dr. Valter Machado da
Fonseca
Por acaso, você já parou para
pensar nos alertas e precauções sobre saúde que a TV, os jornais e o rádio nos
trazem todos os dias? Se observarmos, com atenção, estes alertas, vamos
perceber que, segundo a mídia, quase tudo faz mal à saúde. Em especial, os
alimentos, quase que em sua totalidade, podem trazer sérias consequências para
a saúde humana. Todos aumentam o coeficiente de colesterol, possuem gorduras
saturadas, dentre outras sérias consequências. Somente o ovo, alimento milenar
e nosso velho conhecido, já foi de “bandido” a “herói” uma centena de vezes.
E as dietas para perder peso?
Criam mil e uma fórmulas milagrosas para solucionar os problemas, também
milenares, de obesidade. E todas essas campanhas são regadas com uma
superdosagem de sensacionalismo, o tempero ideal para vender as fórmulas e as
notícias. Aliás, elas [as notícias] também são enlatadas. Elas vêm envolvidas
no tempero que leva uma pitada de violência urbana, outras de mediocridade, de
pesquisas [algumas sérias e outras inventadas], de dados estatísticos, tudo
isso sem contar o ingrediente que não pode faltar no banquete dos noticiários,
uma grande dosagem de exagero. Se formos seguir, ao pé da letra, o que nos
propõem as fórmulas mirabolantes da nossa mídia de cada dia, simplesmente
deixaremos de viver, pois, tudo é proibido. Aliás, o que não é proibido hoje, pode
sê-lo amanhã e vice-versa.
Não estou dizendo que não devamos
ter o devido cuidado com a saúde e com a escolha de nossos alimentos. O que, de
fato, estou tentando demonstrar é que por trás das notícias existe uma grande
pitada de ideologia consumista, voltada não somente para vender as notícias,
mas, sobretudo, para manter vivo o exorbitante lucro da indústria de alimentos,
de vestuário, de material esportivo, de inibidores de apetite, de revistas e
materiais “especializados” em dieta. Aliás, estes setores da indústria moderna
possuem as maiores fatias dos lucros da sociedade de consumo. Quando noticiam o
aumento da produção de alimentos, nunca dão ênfase às cifras extraordinárias
que são gastas em insumos agrícolas, em agrotóxicos, herbicidas, pesticidas,
hormônios, em produtos transgênicos, dentre inúmeros outros venenos aplicados em
nossa agricultura e pecuária.
Quando ficamos seduzidos por
aquele tomate [vermelhinho] que vemos na feira ou no sacolão, ou aquela alface
verdinha, aquela cebola, couve-flor, dentre outras verduras, aparentemente
saudáveis, não temos a mínima ideia da quantidade de agrotóxicos e herbicidas
gastas na sua produção. Quando vemos aquele filé de frango, de carne bovina, de
carne suína, aparentemente saudáveis, não temos a mínima ideia da quantidade de
hormônios e outros produtos utilizados em sua produção. O frango que há poucos
anos atrás levava dois meses para engordar e ser abatido, hoje é engordado em
28 dias. É a tecnologia de alimentos, que aumenta, de forma exponencial os
lucros, e diminui também de forma exponencial nossa saúde, ao mesmo tempo em
que promove o surgimento de novas doenças e o fortalecimento das antigas.
As fórmulas realmente eficazes
para o combate à obesidade, para uma alimentação saudável, ainda são aquelas
que respeitam o tempo e as regras da natureza. Apesar de os alimentos
apresentarem uma aparência mais feia, a alface, o tomate e a couve da nossa
hortinha de fundo de quintal ainda possuem o seu valor e merecem o nosso
respeito. O nosso franguinho caipira, apesar de ser mais sem jeito, mais
magrinho e às vezes até com as perninhas tortas, também merece o nosso mais
profundo respeito, admiração e consideração. Contra a obesidade, as pesquisas
midiáticas ainda não descobriram nada mais saudável e eficiente que as velhas e
seculares caminhadas e/ou práticas esportivas regulares. As receitas oferecidas
pelas leis reais da natureza, só necessitam de um tempero: uma forte dosagem de
simplicidade e bom humor.
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