Foto: Reuters (2014) |
Por NTV
A grande diversidade de espécies
marítimas que habita a península antártica está em perigo devido ao aquecimento
global e à ação dos homens, segundo uma pesquisa de cientistas argentinos. As
substâncias liberadas na atmosfera pelas atividades industriais e agropecuárias
no mundo todo terminam, pela própria ação da natureza, nas regiões polares e
provocam um aumento nas temperaturas da área.
Esse é um dos fenômenos que
contribuiu para transformar a península antártica no ponto austral onde as
temperaturas se elevaram com maior rapidez nos últimos 50 anos, o que ainda
intriga os analistas.
"Isso se vê acelerado por
oscilações anualizadas associadas ao fenômeno do El Niño e à mudança dos centros
de alta e baixa pressão que ocorre no Atlântico Sul, motivo pelo qual os ventos
predominantes foram do mar, que tem maior temperatura, ao continente",
explicou à Agência EFE o pesquisador Ricardo Sahade, do Instituto Antártico
Argentino. Essas mudanças profundas, somadas à atividade nas bases instaladas
no continente gelado, afetaram o ecossistema, sobretudo o meio submarino
bentônico, ou seja, a vida que habita o leito do mar.
Professor da Universidade Nacional de
Córdoba e pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas
(CONICET), Sahade integra uma equipe de especialistas que se dedica, desde
1994, a estudar na enseada Potter, da base argentina Carlini, as consequências
do aquecimento global nessas comunidades submarinas. "90% das geleiras da
península retrocede e na enseada Potter foi muito evidente. Há uma geleira que,
em 1996, terminava no mar e agora retrocedeu ao ponto de deixar uma nova ilha
descoberta", acrescentou.
Esse retrocesso causou a entrada de
sedimentos da terra no mar, o que dificulta a alimentação das espécies
bentônicas que se nutrem de filtrar partículas de água. "Aí vimos grandes
mudanças nessas comunidades em um tempo muito curto, o que era absolutamente
inesperado", ressaltou Sahade.
As espécies que mais sofreram as
consequências foram as ascídias, conhecidas como "batatas do mar",
embora também tenham sido afetadas as esponjas, os corais e algumas algas
marinhas. "É a primeira mudança que se observa desta magnitude pela
mudança climática", especificou o pesquisador argentino, que admitiu que o
maior conhecimento do impacto na vida animal se observa nos arredores das
bases.
"Os fiordes, como o espaço
analisado na enseada Potter, praticamente não foram estudados e o que estamos
vendo é que isso pode estar ocorrendo ao longo de toda a península",
disse. Além disso, os cientistas tentam esclarecer as incógnitas sobre a ilha recém-descoberta
após o retrocesso da geleira, que apareceu cheia de microrganismos. Os
cientistas se perguntam se esses microrganismos já viviam sob o gelo ou se
desenvolveram nos seis anos que demoraram desde que a geleira deixou descoberta
o lugar até que tomaram as mostras para analisar.
"Na Antártida, todos os
processos biológicos, como a colonização, são muito lentos" e qualquer das
duas opções tem desconcertados os especialistas, acrescentou Sahade. "Este
lugar sempre nos traz surpresas", concluiu o cientista.
Disponível
em: http://g1.globo.com/natureza/noticia/2014/01/mudancas-climaticas-ameacam-especies-marinhas-na-antartida.html
Acesso em: 24 de abril de 2014.
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