Fonte: BBC Brasil (2014) |
Por NTV
Este
pequeno mundo vinha intrigando astrônomos desde que jatos de um material gelado
foram vistos esguichando no espaço a partir de uma região no polo sul de
Enceladus. Agora,
medições sofisticadas usando a sonda Cassini, da Nasa, em seu voo sobre a lua
permitiram que pesquisadores detectassem o sinal gravitacional de água.
"As medidas que fizemos são
consistentes com a existência de uma larga reserva de água mais ou menos do
tamanho (em termos de volume) ao lago Superior (situado entre os Estados Unidos
e o Canadá e considerado o maior lago de água fresca do mundo em volume)",
afirma o professor Luciano Iess, que comanda a equipe de pesquisadores da
Universidade Sapienza, de Roma.
As descobertas do cientista e de sua
equipe deverão reforçar a visão de que a lua de 500 quilômetros de diâmetro
seria um dos melhores lugares além da Terra para buscar a existência de vida
microbial. Os dados coletados pela Cassini sugerem que o volume de líquido
encontrado estaria situado 40 quilômetros debaixo da superfície da camada de
gelo de Enceladus.
Oceano sub-glacial
A crença de que a lua de Saturno
contaria com um oceano subglacial vem crescendo desde que a Cassini detectou a
existência de uma atmosfera difusa na lua, em 2005. Observações subsequentes
associaram a fonte dessa atmosfera a jatos de vapor de água ricos em minerais
sendo emanados da superfície da lua, apelidada de "listras de tigre",
devido à sua aparência listrada, semelhante à de um grande felino.
A órbita de Enceladus em volta de
Saturno é excêntrica, não circular. A gravidade do gigantesco planeta deveria,
portanto, espremer e esticar a pequena lua, quando ela realiza essa trajetória,
aquecendo pedaços de suas camadas de gelo e derretendo-os. O professor Iess e
seus colegas identificaram variações no campo gravitacional da lua. No polo sul
do satélite, eles encontraram uma variação bem grande na distribuição de massa
da lua, o que, segundo eles, poderia ser explicado pela presença de um elevado
volume de água. "O que vemos é consistente com a existência de um bolsão
de água de 8 a 10 quilômetros de profundidade e esse bolsão pode se estender
para latitudes de cerca de 50 graus ao sul do polo", explica Iess.
Geração de vida
Existem fortes indícios para se
suspeitar da existência de oceanos subglaciais em uma série de luas no nosso
sistema solar. O maior satélite de Saturno, Titã, provavelmente conta com um
desses. Assim como algumas das luas de Júpiter, como Europa, Ganimedes e
Calisto. E talvez até mesmo a mais distante lua de Triton, que orbita em torno
de Netuno.
De todas estas, Enceladus e Europa
são as que despertam mais interesse porque é mais provável que sua água esteja
em contato com rocha. Isso poderia resultar em reações
químicas capazes de dar início à vida.
De acordo com o professor Andrew
Coates, do Laboratório de Ciências Espaciais UCL-Mullard, da Grã-Bretanha,
"Enceladus ocupa o topo da lista em termos de locais que poderiam abrigar
vida". "Ela conta com várias coisas que você precisa para ter vida.
Existe certamente a presença de calor, há água líquida nesse oceano, há
elementos orgânicos e reações químicas ocorrendo. A única questão é se houve
tempo suficiente para a vida se desenvolver.
Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/04/140404_saturno_lago_bg.shtml
Acesso em 05 de abril de 2014.
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