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terça-feira, 15 de abril de 2014

A CIÊNCIA NO SÉCULO XXI

Fonte: ruitavares.net (2014)
Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
Várias projeções, filmes, documentários de ficção, livros, dentre outros instrumentos de simulação e divulgação, realizaram diversos prognósticos em tempos pretéritos acerca de como estaria a ciência no século XXI. Qual seria seu estágio de evolução! Vimos diferentes prognósticos que iam desde carros flutuantes, cidades suspensas, homens “voadores”, dentre outros artifícios incomuns que habitam com muita frequência a mente humana. Mas, como vemos a ciência hoje? O que ela tem produzido de benefício para a humanidade? O que ela trouxe para melhorar o homem em sua essência, em seu bem-estar e em sua dignidade?
Na verdade, nenhum dos prognósticos engendrados pela mente humana foi realizado. Ao contrário, na grande maioria das vezes, ela tem reproduzido monstruosidades criadas pelo homem, judiado do ecossistema planetário e criado um ser humano artificial a serviço do mercado de capitais a da superprodução de bens de consumo. Isto para não falar das aberrações que tem produzido desde o século XX como a bomba atômica, o preconceito, a discriminação, o desemprego para largas parcelas da população, a fome, a miséria e, até a ameaça de retorno de organizações nazifascistas em diversas regiões do planeta.
O genial Albert Einstein, um dos maiores cientistas e pensadores de todos os tempos, acreditava no “homem de ciência” conforme seus próprios dizeres. Ele acreditava numa ciência que tivesse como eixo central o bem-estar da humanidade, que criasse um homem consciente de seu papel histórico, um homem liberto das amarras da hipocrisia e dos falsos valores morais. Enfim, acreditava num projeto de ciência que fosse capaz de edificar a essência de um ser humano capaz de ressignificar e dignificar sua própria existência neste planeta e neste universo.
Tristemente e miseravelmente, o ser humano vem se tornado escravo de si mesmo, de sua própria criação, das banalidades e dos produtos supérfluos que cria. O homem criou um espelho disforme que reflete sua própria imagem como mercadoria para a qual não existe necessidade. Este é o homem de ciência do século XXI, um ser medíocre que já não conhece sua própria imagem refletida no espelho distorcido que ele mesmo gestou. Assim, a ciência tem criado a solidão da negação das artes e de seu poder de inventividade. Tem criado a cela para sua clausura, a corda para seu próprio enforcamento, tem enterrado há sete palmos seus projetos de vida e de mundo.
É mais que chegada a hora de se repensar a ciência. Ainda temos alguns segundos históricos para repensarmos nossa existência, pois, bem lá no fundo de sua própria criação o ser humano pede socorro, banido de sua espécie por sua própria ganância. É o homem coisificado que luta, desesperadamente, em busca de sua própria essência, à procura de si mesmo.


* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professor e pesquisador das temáticas “Alterações Climáticas” e “Impactos socioambientais sobre os ecossistemas terrestres e aquáticos”. pesquisa.fonseca@gmail.com

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