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terça-feira, 18 de junho de 2013

O POVO ROMPE O SILÊNCIO

Fonte: www.publico.pt
Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca
Basta de desmandos! Esta é a palavra de ordem que exprime o fundo de indignação que toma conta da população brasileira. As manifestações espontâneas que tomam conta das principais cidades do país tem um significado político profundo e exprime o sentimento de revolta entalado na garganta do povo brasileiro contra as maracutaias, os desvios de verbas, o descaso para com a coisa pública e a subserviência do governo brasileiro aos ditames e aos anseios do grande capital, em detrimento dos interesses da grande massa de jovens e trabalhadores brasileiros.
À primeira vista, a grande mídia capitalista tentou secundarizar o movimento legítimo que ganha as ruas das grandes cidades e que se alastram por todo o país, como se fosse uma singela insatisfação contra o aumento das tarifas dos transportes coletivos urbanos. Isto foi apenas a ponta do iceberg! Na verdade, estas manifestações assumem a quebra do imobilismo do movimento sindical, engessado e colocado sob a tutela dos diversos governos (em todos os níveis). A massa começa a atropelar o pacto social costurado entre as elites (agrária e industrial) e o governo brasileiro que trabalha em favor dos megagrupos capitalistas mundiais.  
A gente não quer só comida!
Apesar das tentativas desesperadas da mídia capitalista em secundarizar as manifestações, em transformar a essência do movimento em simples reivindicações econômicas e pontuais como o aumento da tarifa dos transportes, a população começa a resgatar o verdadeiro sentido de pertencimento de classe da juventude trabalhadora do Brasil. O povo nas ruas vem colocar a nu a política entreguista do governo de diversos matizes que expressam apenas os anseios e desejos das elites. O povo nas ruas denuncia, ainda que de forma espontânea, a insatisfação contra a corrupção, as propinas, o imobilismo e a podridão das instituições carcomidas das elites econômicas brasileiras e, acima de tudo, expressam seu total descontentamento contra a ausência de liberdade engessada num projeto repressor travestido de democracia. Não, meus caros leitores! Existe por trás deste movimento um sentimento muito maior de repúdio contra o desgoverno de um país que vem tratando seu povo como acéfalo, desprovido da capacidade de reação.  O povo vem dizer num brado extremamente retumbante: “a gente não quer só comida”.
O cassetete democrático do governo das elites!
No momento em que os olhos do mundo se voltam para o nosso país, o povo não se deixa enganar pelo ópio da “indústria do futebol” e vai às ruas. As vaias generosamente distribuídas ao presidente da FIFA, Joseph Blatter e à presidente do Brasil, Dilma Rousseff na abertura da Copa das Confederações foram uma demonstração que o ópio do futebol já não passa de uma injeção com o prazo de validade vencido. Por outro lado, vemos a polícia (braço armado do Estado capitalista) atuar de forma desesperada, utilizando-se das “velhas” formas de repressão para conter o avanço das massas nas ruas. O “cassetete democrático” do Estado capitalista é novamente utilizado contra o povo brasileiro.
O significado das manifestações
É preciso que façamos a leitura correta do real significado das manifestações que tomam conta do país. O Estado brasileiro foi tomado de surpresa, pois o movimento surgiu de forma espontânea, silencioso e, rapidamente, as centenas de manifestantes se transformaram em milhares. Estas manifestações vieram para dizer que estes sindicatos atrelados ao aparelho de Estado já não servem para mais nada. Vieram para dizer que este parlamento não representa os anseios da população marginalizada e oprimida de nosso país, que este modelo de justiça só serve para as elites econômicas e para defender os interesses dos megagrupos inter/multi/transnacionais, dos quais o nosso governo não passa de capacho.
Enfim, as manifestações apontam que o nosso povo cansou e que agora diz basta a toda esta podridão implantada em nosso país. O movimento nas ruas se espalha e mostra que a saída passa, assim como a história já comprovou centenas de vezes, pela mobilização dos setores mais expressivos da juventude e da classe da trabalhadora. Este movimento que se expressa nas ruas das principais cidades do país, mostra que nem tudo está perdido e que novos tempos hão de chegar, trazendo consigo os ares outrora esquecidos da liberdade. Assim, “o povo num heroico brado retumbante fará brilhar a esperança do sol da liberdade neste instante”.

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