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quarta-feira, 1 de maio de 2013

PARTE NEGRA DE UMA CLASSE!


Valter Machado da Fonseca
 
Do seio da mãe África surgem os homens imponente
Pele de bálsamo, lábios carnudos, rostos afinados
Dando o tom da raça de guerreiros onipotentes
Da nação sofrida, marcada pela desigualdade
Habitam homens que perseguem a liberdade

 
No porão empoeirado dos navios mal cheirosos
Eles se amontoam, sem destino, separados pela dor
Remam com orgulho, entoam cantos de união
Cabeça erguida, guardam lembranças da terra mãe
Não sabem que o lucro, a ganância e exploração
Colocam em seus ombros a árdua tarefa, nova batalha
De noutras terras construir outra nação

 
São meses, sem sol, sem dia, sem noite e sem luar
Alguns perecem, outros ao mar vão se jogar
Quando, enfim, chegam ao destino no além mar
Jogados ao solo como bichos maltrapilhos
Ainda trazem no peito, o orgulho nobre de não chorar

 
Vão pra fazenda do homem branco, sinhô patrão
Adubar a terra com o suor trazido da velha nação
A noite chega, a senzala é o local de lamentar
A perda dos filhos, dos irmãos esquecidos na terra distante
No ar, apenas o eco do som triste dos tambores
Que estalam como chicotes nos ouvidos dos opressores

 
De madrugada, na calada da noite, vêm os filhos dos doutores
Violentar suas mulheres, suas filhas, um circo de horrores
Por puro instinto de um desejo animalesco
Enchem o ventre das mocinhas que relutam com ousadia
Com o sêmen turvo, manchado com o sangue da covardia

 
Depois de décadas de martírio e sofrimento
Eles resistem nos quilombos construindo a liberdade
Tocam nos tambores a esperança da igualdade
Depois de muita batalha, a navalha de fio cortante
Da pena no papel do homem branco
São expulsos das terras que fecundaram com o suor
 
 
Jogados nas periferias das cidades embrutecidas
Onde crescem o ódio, o preconceito e exploração
Sem ter o que fazer, o que comer, são marginais
Ganham migalhas na “liberdade” da privação

 
Hoje, os descendentes da mãe áfrica pairam imponentes
Continuam a luta em busca da liberdade
Não sabem eles que são parte dos explorados,
Da força, de trabalho que dão quase de graça pro patrão
Vão descobrir que o preconceito, o medo e traição
Será a semente de uma classe que porá fim a opressão.


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