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sábado, 11 de maio de 2013

Nada melhor do que não fazer nada!

Foto: Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca (2013)                  Fonte: Arquivo pessoal Prof. Valter

Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
Você sabia que todo mundo tem direito ao ócio, à preguiça? Pois é, neste mundo de hoje fica difícil imaginar isso. Nos tempos presentes, nossa rotina diária começa com um café da manhã, engolido às pressas, pois o tempo é curto para iniciarmos a jornada de trabalho. Saímos de casa correndo (para não dizer voando), para tomar dois, até três ônibus (às vezes também o metrô) para chegarmos ao local de trabalho. Na hora do almoço, temos uma hora contada para engolirmos uma “quentinha” e, logo após, retornarmos aos afazeres diários. À noitinha tomamos mais aquela quantidade inicial de conduções para chegarmos em casa (lá pelas 22 horas). Isto se o trânsito ou as enchentes permitirem. Na manhã seguinte é a mesma rotina, e, assim, sempre!
Então perguntamos: vivemos para que? Como qual objetivo? Quando teremos um tempinho para o lazer, para os filhos, para a família?
Pois bem! Meus (minhas) caros (as) leitores (as)! Esta é o momento histórico denominado de sociedade da modernidade ou “tempos modernos”, como diria o nosso saudoso Charles Chaplin. Nesta sociedade involucral, o homem se coisifica, se torna um mero objeto a serviço da mais-valia. Nestes tempos nebulosos d’agora, tudo gira em torno da banalidade, do desperdício, do supérfluo. O que tem sentido, de fato, nesta sociedade é a nossa capacidade de consumir bugigangas, objetos inúteis, invenções para as quais ainda não existe necessidade real. É o tempo do desejo fictício, do fetiche e da sedução dos bens descartáveis.  E, o pior que conseguem fazer com que a gente ligue a felicidade à necessidade do consumo de bens materiais irrisórios. O homem, nesta sociedade do culto ao supérfluo, tornou-se também mercadoria a serviço da expansão do lucros dos grande grupos inter/multi/transnacionais. Tudo no mundo é cotado e medido pelas leis de mercado, pelas bolsas de valores, pelo capital volátil e especulativo que circula o planeta à procura de matérias-primas e de mão de obra barata.
Quantas vezes a gente não tem vontade de fazer nada, de dormir um pouquinho a mais, de passar mais tempo com a família, com os filhos, porém, as leis imperiosas do capital estão sempre a nos lembrar de que somos coisas, meras mercadorias, que precisamos trabalhar para aumentar o lucro de uma seleta e pequena parcela de seres humanos, donos do capital.
É preciso, urgentemente, reverter e subverter esta lógica ilógica e estes valores fictício, sob pena de daqui a bem pouco tempo sejamos trocados por outros tipos de mercadorias bem mais irrisórias do que as que aí estão. É preciso acabar com a banalização do ser humano, resgatar os autênticos valores que dão significado á nossa real essência de seres humanos pensantes, comunicantes e transformadores. Se conseguirmos subverter esta ordem escravagista do grande capital, quem sabe daqui a alguns anos possamos ser capazes de contemplar o mundo com reflexo de nossa própria criação. Aí si, estaremos dando um passo real em direção à construção de nossa verdadeira essência de seres humanos, com todo o direito ao ócio e à preguiça.  



* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Professor e pesquisador da Universidade de Uberaba. pesquisa.fonseca@gmail.com

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