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segunda-feira, 18 de março de 2013

AS DIVERSAS FORMAS DE AMAR

Fonte: www.flickr.com
Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*
O que é o amor? Esta é uma excelente pergunta, porém, de dificílima resposta. Muitos confundem o ato de amar as pessoas, com a simples transferência de responsabilidades dos outros para si. Há os que acham que amar é decidir caminhos para outros trilharem. Quantas vezes não vemos pais escolhendo profissões para seus filhos, como se esta fosse uma fórmula mágica capaz de desvendar os caminhos para a felicidade. Às vezes, bem lá no íntimo, talvez estas pessoas, estejam esperando resolver suas próprias frustrações, ou então tentando fazer com que seus filhos sejam à sua imagem e semelhança. Existem, ainda, aquelas pessoas que confundem o amor com super-proteção, ou seja, tentam isolar as pessoas que amam de todos os perigos do mundo e da vida, como se elas pudessem viver em um mundo paralelo, distante da realidade da vida. Este talvez seja um dos piores equívocos que alguém pode cometer, pois, ao agir assim, ao isolar a pessoa da realidade concreta, na verdade estar-se-á ceifando dessa pessoa a capacidade de lidar com o real, de enfrentamento dos problemas do mundo e da vida.
Então, insistimos, o que é o amor? Esta é uma palavra abstrata, subjetiva, que poucas pessoas podem ter uma singela noção do seu significado, outras nem isso. Para se construir a idéia desta noção, é preciso, em primeiro lugar, desarmar o coração. O amor talvez seja o ato da busca de compreensão do outro sem pedir nada em troca. Talvez seja a capacidade de ouvir o outro, solidarizar-se com ele e se entregar com ele na busca de soluções para seus problemas. Possivelmente seja a capacidade de enxergar a beleza num lugar onde a maioria enxerga o escuro, o feio. Pode ser a capacidade de compreender o mundo por intermédio da simplicidade, talvez seja o poder de ver o “belo” no simples, fugir da luxúria, da avareza, da arrogância barata, da hipocrisia. Amar pode ser o simples ato de perceber e admirar as coisas belas do mundo e da vida. Mas, para que cheguemos próximo da noção do ato de amar, em primeiro lugar é necessário que nos aceitemos, que percebamos a nós mesmos como pessoas que sejam sujeitos de sua própria história. Talvez, o amor seja o desejo de exercitar nossa capacidade de “ser”, em detrimento do “estar” no mundo e participando ativamente da dinâmica desse mundo.
Então, podemos inferir que existem centenas de maneiras de construirmos a noção de amor. E, todas elas passam pelo exercício de desarmar o coração, de buscar no fundo de nossa existência, a nossa essência, enquanto sujeitos atuantes no sentido de transformação da realidade individual e, acima de tudo, do coletivo, da sociedade ou do grupo social no qual vivemos. É preciso, antes de tudo, termos a convicção de nosso estado de incompletude e, adquirindo tal concepção, construir o esforço para alcançar a percepção de nossas tarefas e de nosso lugar neste mundo de homens e de coisas. Assim, ao avançarmos no sentido de compreender o nosso lugar no mundo, estaremos, sem dúvida alguma, justificando nossa existência e, ao fazermos isto, com certeza estaremos dando um passo decisivo para a apreensão da noção da subjetividade existente na noção do vocábulo chamado de amor. O amor pode ser simples como uma bela canção! Basta que estejamos de coração aberto para ouvi-la! 


* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Pós-Doutorando pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).  Pesquisador e professor da Universidade de Uberaba (UNIUBE). machado04fonseca@gmail.com

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