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sábado, 19 de janeiro de 2013

VELHOS TEMPOS! BELOS DIAS!

Fonte: comoze2.blogspot.com


Prof. Dr. Valter Machado da Fonseca*

Pode parecer saudosismo, mas que seja! Lembro-me com nostalgia dos tempos em que podíamos passear livremente pela cidade, sentarmo-nos nas portas das casas, num belo final de tarde. Já se vão longe aqueles tempos em que se dava valor a uma boa prosa, um cafezinho à beira do fogão de lenha. Já são idos os tempos em apreciávamos uma bela fogueira em tempos de inverno, onde a prosa corria solta à beira da lareira ou podíamos apreciar as quitandas da avó, feitas no forno de barro. Aqueles sim! Aqueles eram tempos felizes de mocidade, em que se dava valor à “moda” de viola sertaneja de raiz, às belas canções regionais, que falavam das coisas simples da roça, do gado, da gente simples do campo e do sertão. Enfim, já se foram aqueles dias em que éramos realmente felizes e não sabíamos.

Pois bem, meus caros leitores! Hoje, os tempos são outros. São os tempos denominados de modernidade, nos quais as pessoas dão valor a outras coisas, a coisas e objetos sintéticos, a valores banais, e se travestem com ilusões superficiais e ilusórias. A boa música foi substituída pelo som agudo e estridente, a melodia foi trocada por xingamentos intempestivos e os acordes se transformaram em ruídos ensurdecedores. As pessoas já não têm tempo para as outras pessoas, elas já não têm tempo para uma boa prosa, pois, a Net é mais interessante, a desconversa virtual é muito mais empolgante. O prazer para as pessoas e a gente moderna está no fetiche e no consumo, a satisfação está em comprar banalidades, em se entupir de futilidades. E com isso, o homem se desumaniza, se coisifica, se transforma em mercadoria disputada pela ânsia do lucro desmedido. A cada dia que passa o homem se torna mais distante de suas raízes e de sua essência.

Então, torna-se extremamente necessário recorrermos, vez em quando, às velhas lembranças, retornarmos ao saudosismo, pois ele é o retalho das recordações que restam dos tempos felizes de outrora. É urgente, vez em quando, remexermos o velho baú das recordações, é relevante que o exploremos em busca de uma dose de nostalgia e de momentos de felicidade, pois, eles são importantes para mantermos acesa a chama da esperança de tempos vindouros melhores, mais significativos. É preciso, vez em quando, vasculharmos bem os cantinhos do nosso ser, talvez em busca de uma velha recordação, de um suspiro de inspiração e saudade. Talvez, por debaixo da poeira que invade o nosso íntimo, quem sabe não jaz, quieto, um pingo de humanidade que ressignifique nossa razão de ser neste mundo e neste universo infinito e de infinita beleza.

É por tudo isso, ou seja, talvez por acreditarmos na existência de uma dose (pequena que seja) de esperança, é que valha a pena insistirmos na crença nos humanos. Quem sabe, no meio de todos estes valores fictícios, nos interstícios e nos labirintos dos tempos modernos, não esteja escondida aquela faísca de esperança que seja capaz de avivar o fogo da volta do homem à sua condição humana.  Quem sabe, bem no íntimo dos cérebros em desconstrução, em desumanização, não esteja esquecida, num canto qualquer, a fagulha necessária para reascender a chama da transformação desta realidade bestial desses tempos d’agora, denominados de tempos modernos.

Se observarmos do espaço, do firmamento, veremos que a Terra continua azul, que o planeta ainda resiste a toda a estupidez humana. De longe, do espaço sideral, podemos perceber que, mesmo com a presença de um homem disforme, bestial, desumanizado, o planeta continua belo e resplandecente, dando-nos a certeza de que o homem, ao invés de uma “criação suprema”, talvez seja fruto de uma aberração da natureza, como um feto mal formado no ventre de uma bela criatura chamada “Gaia”.



* Escritor. Geógrafo, Mestre e Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Pós-Doutorando pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).  Pesquisador e professor da Universidade de Uberaba (UNIUBE). machado04fonseca@gmail.com

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