Foto: Detalhe da Mata Atlântica (Sorocaba/SP) Fonte: Arquivo Prof. Valter M. da Fonseca (2012) |
Prof. Dr. Valter Machado da
Fonseca
Particularmente, para mim o ano
de 2012 foi espetacular. Consegui colocar em prática diversos projetos pessoais
que estavam no plano apenas do imaginário já havia algum tempo. Porém, não
podemos fazer o balanço de todo um ciclo, de todo um ano olhando pelo prisma do
individual, em detrimento das grandes realizações coletivas. É preciso tomar
por norte a maior parcela da humanidade e, sob o meu ponto de vista trata-se de
realizar um balanço das condições da maioria da população mundial, ou seja, da
classe trabalhadora que produz a maioria das riquezas materiais do planeta. É
esta maioria a grande responsável por mover todo o processo produtivo da
sociedade moderna.
Diante dessas considerações, é
preciso realizar um balanço dos elementos econômicos, políticos e sociais que
nortearam a conjuntura mundial. Neste sentido, o ano de 2012 foi marcado
fundamentalmente, pela enorme crise econômica que tomou conta da Europa e dos
EUA, crise esta que se arrasta desde as décadas de 2008/2009. São falsas as
preconizações daqueles que tentam isolar o Brasil ou quaisquer outras nações
dos fatos que fundaram a instabilidade européia. O capitalismo vive a fase,
podemos dizer que definitiva, de mundialização do capital, na qual as forças
que movem a economia mundial o fazem segundo as normas dos mercados
inter/multi/transnacionais. O capital assume, neste limiar de século XXI, sua
fase especulativa e volátil, girando o planeta à procura de mão de obra barata,
de novas fontes de energia e matérias-primas. O capital não tem pátria, ele
gira tresloucadamente por todos os territórios e regiões do planeta em busca de
condições propícias para sua reprodução e expansão, isto é, em busca do aumento
exponencial da mais-valia.
Diante desse conjunto de
considerações elencadas, nenhum território, nenhuma região do globo está isenta
da crise estrutural do capital. E o Brasil não é diferente. Haja vista o
crescimento quase irrisório para o qual o país apontou durante todo esse ano de
2012. Basta avaliarmos os números mostrados pelo comércio nestas festas de
final de ano, as quedas constantes na produção industrial brasileira e a
diminuição dos índices de exportação. A economia brasileira, assim como o
conjunto dos países denominados de “emergentes” dependem de uma série de
fatores externos e, dentre eles a alta dependência dos mercados norte americano
e europeu, os quais se encontram mergulhados em crise profunda em decorrência
da estagnação estrutural do sistema produtivo capitalista, ou mais simplesmente
da crise estrutural do capital.
Assim, meus caros leitores e
minhas caras leitoras, eu não gostaria de iniciar meus textos de 2013 sob estas
perspectivas tenebrosas. Não se trata de espalhar pessimismo, mas, é preciso olhar
a realidade de frente e não procurar as linhas de menor resistência, forçando
mentiras acerca da conjuntura econômica mundial e local. Pois, se assim o
fizéssemos estaríamos fazendo o mesmo jogo de grande parte da mídia mundial e
brasileira, escamoteando a verdade, prometendo o paraíso em meio ao deserto e
vendendo ilusões. A verdade sempre precisa ser dita, por mais amarga que seja.
Então, diante da crise estrutural
dessa magnitude, o capital não consegue mais se reinventar, ou seja, ele não
consegue criar novas mercadorias (que já não existam) visando ao atendimento
das necessidades primordiais e vitais do ser humano. Há tempos, ele só tem
criado superficialidades, banalidades, descartáveis e supérfluos e disso a
humanidade não necessita para sobreviver. A humanidade não precisa de lixo, ao
contrário, ela necessita urgentemente de uma nova significação para continuar a
almejar outro mundo, um mundo onde o homem conviva em harmonia consigo mesmo,
com o planeta e com sua própria essência.
Assim, no sentido da estagnação
econômica estrutural do capital, o ano de 2013 não faz vislumbrar nada de novo
para a humanidade. Mas, 2013 pode ser um ano fundamental para que possamos
refletir e agir em prol de outro mundo, de outro paradigma de sociedade onde o
homem encontre sua essência de “ser” e “estar” inserido neste imenso universo
em constante expansão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário