Total de visualizações de página

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

ÊXTASE!



Por Valter Machado da Fonseca

Lá fora o vento frio desafia a noite
Vultos se esgueiram fugitivos
Mendigos vadios, encharcados, tentam em vão se abrigar
Na penumbra amarelada das chamas quase extintas
Transparecem os rostos tristes e cansados dos andarilhos

No quarto frio da pequena pousada
Contrastando com o vento gélido lá de fora
Corpos se encontram, se abraçam com loucura
No furor, incontrolável do desejo ardente dos amantes
Botões se soltam, roupas se rasgam bruscamente
Deixando a mostra os corpos nus enegrecidos

A cor morena realça o tom de encanto celestial
Dos corpos ardentes do desejo e do delírio
Mãos se apertam, acariciam, se intrometem
Nos recantos íntimos, proibidos, imorais
Os corpos se encaixam com perfeita precisão
Unhas e dentes cortam a carne com as garras da paixão

Línguas ávidas se contorcem, se devoram
Lambem as bocas, os corpos suados e ousados
Os pelos eriçados, os seios rígidos enfurecidos
Não escapam à volúpia das carícias desmedidas
Peitos ofegantes, gargantas secas, bocas entreabertas
Deixam escapar o som rouco das palavras obscenas

 Gemidos e sussurros se misturam, se confundem
 Nas paredes úmidas e geladas da pousada adormecida
Grutas se abrem, molhadas pelo fogo da paixão
Abrindo espaço para a língua ansiosa, rígida e voraz
Que audaciosa suga a seiva transparente, adocicada
Que jorra da fonte indecente dos afagos escondidos

Dentro do quarto frio e úmido da pequena pousada
Só existe o calor ardente dos corpos suados
O côncavo e o convexo se expressam em plenitude
Arrancando gritos e suspiros profanos, despudorados
As pulsações descontínuas dos corações acelerados
Provocam o ritmo frenético, dos corpos apaixonados

Enquanto lá fora, o vento frio corta a noite acinzentada
Chicoteando os corpos cansados dos mendigos fugitivos
Enquanto as chamas das fogueiras quase apagadas pela chuva
Encobrem os vultos, os rostos tristes dos andarilhos
Na intimidade do quarto aquecido pela chama do intenso amor
Os corpos explodem no sublime orgasmo do esplendor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário