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sábado, 23 de junho de 2012

RIO+20: DA URGÊNCIA REAL À DECEPÇÃO TOTAL!

Manifestação Rio+20                          Fonte: redebrasilatual.com.br
Valter Machado da Fonseca*
Fica até difícil iniciar este texto devido à imensa lacuna, ausência de resoluções e proposições da conferência recém findada no rio de Janeiro, a Rio+20. Na verdade, não podemos afirmar, com certeza, que o encontro acabou, pois parece que ele sequer existiu. Não se pode afirmar o término de algo que nunca existiu. É exatamente esta a ideia que fica na cabeça de todos, quando nos referimos à conferência do Rio de Janeiro deste ano de 2012.
 No momento em que o mundo clama por soluções urgentes aos graves problemas socioambientais, fruto da estagnação das forças produtivas do capitalismo, no momento em que a comunidade europeia enfrenta a maior crise de toda sua história, crise esta que aponta claramente que este modelo econômico já não mais se sustenta sobre suas próprias pernas, os chefes de Estado e delegados de todo o planeta se reuniram na cidade maravilhosa para não resolverem absolutamente nada.
O que se viu nas entrelinhas desse encontro foi uma disputa entre os países ditos “desenvolvidos” e os países “pobres” ou emergentes. Tudo girou em função de uma disputa geopolítica do “Norte” contra o “Sul”, em nome de uma gigantesca falácia, à qual denominaram de “economia verde”. Isto é absolutamente ridículo. O que seria, de fato, uma “economia verde”? Trata-se de uma verdadeira panacéia que, ao mesmo tempo em que se tenta esconder a crise estrutural do capital, inventa-se um arcabouço teórico-discursivo que tenta agregar valores pseudo-ecológicos ao mercado de capitais. Na verdade, o pano de fundo deste evento foi desvendado nos encontros paralelos, onde as potências capitalistas buscavam, desesperadamente, um remédio para sanar um sistema agonizante, em crise terminal.
A comprovação de tudo isto, foi o documento final apresentado pelo governo brasileiro. O qual até a própria ONU criticou e depois voltou atrás devido às enormes pressões da chancelaria brasileira. Que fiasco! O tal documento final não apresenta nenhuma resolução concreta, não aponta nenhum prazo, nenhuma proposta real para enfrentamento da problemática socioambiental mundial. O tal orçamento [fundo de recursos] apresentado timidamente [de 30 bilhões de dólares, uma bagatela se comparado aos trilhões que estão destinando aos bancos europeus para evitar sua falência], visando à efetivação do tal “desenvolvimento sustentável” [ou insustentável], foi imediatamente recusado pelos países “desenvolvidos”.
O tal documento final da ONU [da Rio+20] fala em eliminação da pobreza, sem, no entanto dizer como, sem apresentar uma proposta sequer. Primeiro, porque tais propostas não existem, segundo, porque sob este modelo econômico não existe nenhuma proposta que possa sequer amenizar a situação de milhões de famintos e miseráveis do planeta Terra. Emblemático mesmo, o que ficou em nossa memória foi a imagem daquela criança canadense que simulou rasgar o tal documento final. A imagem da decepção no rosto daquela criança foi realmente a fotografia desta conferência do Rio de Janeiro. Esta conferência serviu, perfeitamente, para mostrar para o mundo a ineficácia, a incompetência e a impossibilidade de um modelo econômico necrosado, incapaz de desenvolver suas forças produtivas materiais, que tenta, de todas as formas, enganar a si mesmo, ao tentar aliviar as feridas que ele próprio fez sobre o planeta Terra.          


* Escritor. Geógrafo, Mestre e doutorando pela Universidade Federal de Uberlândia, Pesquisador e professor da Universidade de Uberaba. machado04fonseca@gmail.com  

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