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sábado, 3 de dezembro de 2011

O mundo ilusório da intolerância


Por Valter Machado da Fonseca*

Outro dia falávamos das pessoas que se escondem por detrás de cargos e/ou títulos para dissimular suas fraquezas, suas incapacidades, suas debilidades. E não são poucos os que agem dessa forma. Vemos por todos os cantos do Brasil pessoas que se travestem de democratas, de baluartes da plena liberdade, mas que, no fim das contas, fogem do debate franco de ideias, do diálogo aberto com o outro. Outros,  só ousam debater seus pontos de vista, na maior parte das vezes superficiais ou supérfluos, quando sentem que a plateia ou o público que o assiste é constituído de gente humilde, simples e que, infelizmente não teve a oportunidade de avançar nos estudos e possuem pouco grau de cultura e de conhecimentos. Então, quando estão diante de um público com pouca instrução se vangloriam, prometem “mundos e fundos”, falam até de coisas sobre as quais não têm nenhum domínio.
Há ainda aqueles que não deixam o outro falar pelo simples fato de sentirem medo de serem derrotados nos argumentos. Estes se acham os donos da verdade absoluta, dogmática, irrefutável. São, na grande maioria das vezes, autoritários, arrogantes e intolerantes. Não suportam serem contrariados, não suportam que discordem de seu ponto de vista, de suas ideias, de suas verdades ultrapassadas e arcaicas. A intolerância, podemos dizer que é irmã gêmea da inveja e da cobiça. Essas pessoas não suportam, sob hipótese alguma, ver o sucesso do outro. Usam de todos os recursos para menosprezar o seu semelhante, tudo pelo simples fato de serem incapazes de admitir que ele possa estar certo, possa derrotá-lo em seu ponto de vista.
E, quanta maldade o ser humano é capaz de cometer por causa da intolerância. A história já nos mostrou dezenas de vezes, massacres, chacinas e barbaridades monstruosas, fruto da intolerância humana. Aí nos cabe perguntar: qual ou quais os reais motivos da intolerância humana? Por que tanta raiva contra os negros, homossexuais, indígenas, prostitutas, mendigos? Por que tanta violência contra crianças, idosos e mulheres? Quem somos nós para julgarmos o outro? Por que nos convencemos de que a verdade está sempre conosco e nunca com o outro?
Se observarmos, na maior parte das vezes, a intolerância mora, finca residência permanente nas instituições políticas e entre os “politiqueiros de plantão”. Muitas vezes, o tal deputado, senador, vereador ou prefeito volta sua ira justamente sobre aqueles que o elegeu. Muitas vezes, o tal político ou politiqueiro é incapaz de enfrentar seus próprios eleitores, justamente porque sabe que eles podem estar com a razão. O título que ele conquistou com os votos do povo, lhe fornece autoridade para se voltar contra o próprio povo.
Pois bem! Caros (as) leitores (as)! Vivemos em uma época em que a tal intolerância não tem mais lugar neste mundo. O tempo e a era hitlerista já passaram há muitos anos. Não nos é mais possível conviver com a intolerância, ainda mais com a intolerância daqueles que não possuem nenhuma moral para criticar ou julgar absolutamente ninguém. Vivemos numa época em que é necessário que sejamos radicalmente intolerantes com a intolerância. Como diz o velho pensador, “a história é mais forte que os aparelhos”. Plagiando o grande Maiakovski, “Há de vir o tempo em que o preconceito e a intolerância não serão nada mais que simples cicatrizes na história”. E, neste tempo que há de chegar, a humanidade vai cobrar com juros, todas e quaisquer formas de intolerâncias e injustiças contra ela praticadas.  


* Escritor. Geógrafo, Mestre e doutorando em Educação pela UFU. Pesquisador das temáticas ambientais. Professor da Universidade de Uberaba (Uniube). machado04fonseca@gmail.com

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